Neymar e Jô |
O calendário na parede da escola em Petrolina mostrava que o ano era 2005. Apreensivo, Joclécio, de apenas 13 anos, criou coragem, se despediu dos amigos de classe e da família e embarcou em uma viagem de quase três mil quilômetros em busca de um sonho. Era o Santos, time do Rei Pelé, que estava chamando o menino de Pernambuco para treinar nas categorias de base. Sem conhecer ninguém na cidade paulista, ele colocou seu uniforme alvinegro e entrou em campo para o primeiro dia na Vila Belmiro. Um passe bonito, uma marcação forte, e o olhar encontrou um sorriso parecido com o seu. Alguém que também queria brilhar no futuro do Peixe. Assim, nascia a “irmandade” entre Jô e Neymar.
A amizade iniciada logo na chegada a Santos cresceu com o tempo. Cerca de um ano depois, Neymar convidou Jô para deixar o alojamento e ir morar em sua casa. A família recebeu o adolescente de braços abertos, e o atacante até passou a chamar o amigo de “irmão adotivo”.
Mas o tempo passou. O mais velho mostrou uns dribles aqui, outros ali, e quando menos viu já estava no time principal do Santos e na Seleção Brasileira. Enquanto isso, Jô continuava morando com ele, mas ainda na base do Peixe. Em novembro de 2010, teve uma chance de ouro. Foi chamado para jogar no Qatar. Porém, durou pouco. A regra do time de só poder contar com três estrangeiros fez o pernambucano voltar ao Brasil em apenas um mês. O destino, no entanto, não foi Santos. Agora, com 18 anos, Jô teve de cortar o cordão umbilical novamente e se afastar de Neymar. Nesta quinta-feira, ele assinará contrato de um ano como jogador profissional do Marcílio Dias e estará pronto para disputar o Campeonato Catarinense.
- Eu estava parado porque, quando fui para o Qatar, perdi o período de inscrição para jogar a Copinha pelo Santos. Então, o Neymar (pai do atacante, que tem o mesmo nome) conversou com o pessoal do Marcílio e o Júnior (Gonzalez, empresário do jogador) conseguiu essa oportunidade para mim. Espero dar muita alegria à torcida, que eu já vi que gosta muito de futebol - contou o volante, que chegou há apenas dois dias na cidade de Itajaí, casa do Marinheiro, apelido da equipe catarinense.
Jô brinca: ‘É difícil Neymar passar por mim’
Jô treinou ao lado de Neymar durante quase três anos. Mas engana-se quem pensa que o pernambucano tem o mesmo estilo do atacante. Volante de marcação, ele conta que cada um faz a sua função no time e garante que, contra ele, o jogador do Peixe não tem tanta facilidade para dar seus dribles.
- Deixo a parte de fazer gols mais para ele. Meu negócio é marcar, ficar em cima e sair para o jogo só quando der. Posso falar que marcar um cara da capacidade dele é complicado. Mas eu já me dei muito bem em cima dele também. É difícil ele passar por mim (risos) - brincou.
O volante contou até uma artimanha do irmão para tentar enganar sua marcação.
- Na época da base, ele era titular, e eu, reserva. Então, brincava muito comigo porque, quando a bola está longe, eu, às vezes, fico meio desligado, só olhando para a frente, acompanhando a jogada lá. Então, ele vinha para o meu lado e gritava: “Olha a bola”. Eu levava um susto e saía correndo. Aí, ele começava a rir - contou Jô.
Consolo a Neymar na crise com Dorival Júnior
Apesar das brincadeiras, Jô lembrou de um momento em que o sorriso de Neymar deu lugar a uma expressão chateada. Era a fase de maior tensão da carreira do atacante. Em setembro de 2010, o jogador xingou Dorival Júnior por não ter permitido que ele cobrasse um pênalti contra o Atlético-GO durante o Brasileirão. A indisciplina teve grande repercussão, com o técnico do Dragão, René Simões, dizendo que “estavam criando um monstro”. A diretoria do Santos decidiu não atender ao pedido de Dorival de dar uma punição mais severa ao atleta e demitiu o treinador.
- Foi um momento muito difícil. Uma hora em que tive que emprestar meu ombro de irmão mesmo. O René estava um pouco nervoso, falou sem pensar no que o Neymar poderia sentir. Então, para distraí-lo, saíamos para comer alguma coisa fora de casa, para brincar. Depois, voltávamos e jogávamos sinuca e videogame - lembrou Jô.
Fã número 1 de Neymar
Depois de quatro anos morando na mesma casa, Jô e Neymar não estão mais dividindo o teto desde novembro, quando o volante foi para o Qatar. Agora, em Itajaí, ele admite que vai sentir falta das conversas e brincadeiras com o irmão.
- Conheci o Neymar no meu primeiro dia de treino em Santos. Tinha só 13 anos. Vai ser estranho ficar longe dele. A gente sempre esteve junto, torcendo um pelo outro, brincando, fazendo piada. Mas a vida é assim mesmo, né? Não importa o que aconteça, ele vai ser sempre meu irmão, e eu vou ser seu fã número 1 - concluiu Jô.
Fonte: GloboEsporte.com
Fonte: GloboEsporte.com
Por Joulle
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