Na última entrevista em General Severiano, técnico nega mágoa da torcida e diz que sai com dever cumprido: ‘Jamais fecho a porta, a deixo encostada’
Joel Santana |
Após pedir demissão em reunião com a diretoria, Joel Santana concedeu entrevista coletiva, na manhã desta terça-feira, em General Severiano. Acompanhado do presidente Maurício Assumpção e do vice de futebol André Silva, o treinador explicou sua saída do clube depois de 14 meses de trabalho. Emocionado, Joel chegou às lágrimas e disse que não dá adeus ao Botafogo e, sim, um até breve.
- É difícil. Depois de 14 meses numa casa como essa... Aprendi que às vezes, no futebol, é melhor dizer até breve do que até nunca mais. Deixo amigos fiéis, leais. Os números estão aí. Fomos campeões. Deixo o clube em primeiro lugar, e não em último. A vida continua. O Botafogo é maior do que nós todos. Jamais fecho a porta, a deixo encostada. Vou cuidar da minha vida e cuidar do meu futuro.
Durante a entrevista, Joel interrompeu uma resposta para pedir que alguém levasse até ele a sua famosa prancheta. Com ela em mãos, mostrou uma foto sua com Nilton Santos que o acompanhou durante todo o trabalho no clube. Antes de prosseguir seu pronunciamento, o técnico beijou a imagem.
Joel fez questão de explicar que as vaias e os xingamentos sofridos na derrota por 2 a 0 para o Vasco, no domingo, no Engenhão, não foram determinantes para a sua decisão de sair, mas se mostrou magoado com as manifestações das quais foi vítima nas últimas partidas.
- Alguns (jornalistas) estão dizendo que estou com desavença com torcida, mas não estou. É claro que você não agrada a todo mundo. Estou tranquilo. Muitos botafoguenses me ligaram para pedir para eu ficar. Mas nos últimos jogos havia algumas pessoas fora de si e que queriam apenas me agredir. Infelizmente, alguns só dão valor quando sentem falta - frisou.
Depois de ter recebido agradecimentos tanto do presidente Maurício Assumpção, quanto do vice de futebol André Silva, Joel Santana destacou o bom ambiente no Botafogo e a amizade com jogadores e, principalmente, com os membros da diretoria.
- Nunca trabalhei tão tranquilo nesses 30 anos com a direção de um clube como aqui. Futebol não é só dentro de campo, é fora também. Tivemos uma união muito grande. Não é fácil chegar como nós chegamos e sair como estamos saindo. Acima de tudo com honra, dignidade e respeito. Não é todo dia que um profissional de futebol consegue fazer o que nós fizemos. Mas quero agradecer ao presidente, ao vice, a todos os jogadores. Falei lá dentro (no vestiário) para eles que, se algum dia puxei a orelha deles mais forte, é porque quero o melhor para eles, pois os trato como a alguém da minha família. O compromisso nesse momento no Botafogo foi rompido, mas o outro compromisso, o de amizade, continuará para sempre - afirmou.
Ainda sem uma definição sobre o seu futuro daqui para frente, Joel disse que deixa o comando técnico do Botafogo com o sentimento de dever cumprido:
- Sei que o Botafogo vai ter um futuro brilhante, pois esta estrela vai estar sempre brilhando. Estou saindo com sentimento de missão cumprida, e vamos ver o que o futuro nos espera daqui para a frente. Espero que possa trabalhar numa casa que, se não me der iguais condições, me dê ao menos uma condição parecida.
No entanto, mostrou não pretender ficar muito tempo parado. Perguntado sobre um possível interesse do Fluminense, ele desconversou:
- O mundo do futebol muda com uma rapidez muito grande. Se pudesse, descansaria durante um mês, mas não posso parar de trabalhar porque não estou com o boi na sombra. Não tenho compromisso com ninguém, mas tenho amigos espalhados por todos os grandes clubes do Rio. Se quisesse falar com alguém, não teria desligado meu telefone ontem à noite, como fiz. Mas amigos que me envolvem disseram que algumas pessoas precisavam falar comigo. Não tive qualquer contato - explicou.
Fonte: GloboEsporte.com
Por Joulle
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