domingo, janeiro 02, 2011

UM DIA APÓS O TRI, MARILSON FESTEJA FIM DA PRESSÃO: 'O PIANO SAIU DAS COSTAS'

Após passar o Réveillon na cama, corredor afirma que não lembrava de todo o percurso e revela que ainda não sabe se disputa a São Silvestre em 2011

Aos quatro anos, Matheus Tomasi tem a língua afiada: “Você não corre mais do que eu”, disparou. Do outro lado, Marílson dos Santos riu com a brincadeira do garoto. O tricampeão da São Silvestre não quer saber de desafios no primeiro dia de 2011. A adrenalina da conquista da principal corrida de rua do Brasil, ele garante, ainda está no sangue. Apesar do cansaço que o levou para a cama “meia-noite e um” no Réveillon, o corredor demorou a dormir. Foi acordado com o barulho de vizinhos no hotel onde está hospedado, mas não se importou. A hora é de aproveitar.
- Eu não dormi tão bem. Ainda está no sangue. Quando deu meia-noite, eu já queria ir para a cama. Mas deitei e não consegui dormir – disse.
Marílson afirma que sua principal dificuldade para chegar ao tricampeonato enfrentou antes mesmo da largada. Após quatro anos fora da São Silvestre, o corredor era a principal esperança brasileira para acabar com a hegemonia queniana, que já durava três anos, na prova. A pressão, ele diz, foi grande.
- Acho que não é qualquer atleta que sabe suportar essa pressão. O tempo todo era São Silvestre. Não tinha como pensar em outra coisa. Nessa época, eu como São Silvestre, durmo São Silvestre, penso São Silvestre. Quando sou parado na rua, só falam em São Silvestre (risos). Esse ano foi pior. Ou melhor, não sei. Eu era um dos favoritos, fiquei quatro anos fora. Por tudo isso, a pressão era grande. Quando cruzei a linha de chegada, o piano saiu das costas, parece que caiu no chão – brincou.
O técnico de Marílson, Adauto Domingues, acredita que essa calma do atleta na hora de lidar com a pressão é o seu maior diferencial.
- Você pode perder em qualquer lugar do mundo, mas se ele perdesse aqui, ia ser muito ruim. A pressão é muito alta. Se ele suporta isso, pode suportar qualquer coisa. Já trabalho com ele há 16, 17 anos, e esse talvez seja o grande diferencial dele. Essa foi a vez que eu o vi mais ansioso antes da prova, mas ele soube suportar – afirmou.
Com a vitória no último dia de 2010, Marílson se tornou o primeiro brasileiro a ter três conquistas na São Silvestre (venceu também em 2003 e 2005). O corredor disse ter sido tão especial como as outras, mas não confirma a busca pelo tetra em 2011.
- Todas as três foram especiais. Em 2003, eu estava há muito tempo tentando, então foi especial. Em 2005, foi o ano da consagração, porque muitos venceram uma vez e não voltaram mais. Esse ano foi especial por ter me tornado o único a vencer três vezes. Mas é muito cedo para definir. Eu tenho vontade, mas vou ter provas chaves esse ano. Vai depender de como vou ficar.
Depois de tanto tempo fora, Marílson disse que só foi recordando o percurso durante a prova.
- Em alguns pontos, eu não lembrava direito do percurso. Não me recordava que a subida da Brigadeiro era tão difícil – brincou.
Marílson diz não ter segredos para superar os africanos e brilhar na São Silvestre. Para ele, a estrutura por trás do seu trabalho e uma “ajudinha” lá de cima são fatores fundamentais para chegar às vitórias.
- Não tenho segredo. Treino muito, tenho determinação e foco. E a genética ajuda também, né? Sou uma pessoa abençoada. Tenho um técnico que está comigo há quase vinte anos, patrocinadores que apostam em mim há muito tempo também, uma equipe muito boa. Isso me dá tranqüilidade para fazer o que eu quero.
Fonte: Pe360 graus
Por Joulle

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