Fundos de Investimentos é que serão os "donos" do novo estádioSão Paulo, SP, 16 (AFI) - Osmar Stábile, um dos candidatos a presidente do Corinthians nas próximas eleições, é conhecido no Parque São Jorge pela sua paixão em ajudar o Timão ter o seu próprio estádio de futebol. Ele promete se empenhar nesta tarefa com afinco se vencer as eleições.
Mas discorda da maneira como Andrés Sanchez, presidente agora licenciado, e Luis Paulo Rosenberg vêm conduzindo o assunto.
"Do jeito que eles estão fazendo, o Corinthians entra com o nome, dá dinheiro para terceiros e perde a propriedade do estádio".
Leia o que falou Osmar em sua entrevista:
O mínimo que se pode dizer é que Rosenberg mentiu para o Conselho Deliberativo. Lá, ele falou com todas as letras: a construtora vai fazer o estádio em troca apenas do naming rights. O Corinthians não vai gastar nada. Desde o início, duvidamos. E olha que naquela oportunidade (agosto do ano passado), o estádio ia custar 350 milhões de reais. Agora, custa 1 bilhão. Mas a própria imprensa estava encantada com o marketing do engodo, e acreditou nele.
O que há de errado é que, com isso, a atual administração e seu marketing demonstram que não têm a menor capacidade para gerar e gerir uma obra como a do nosso estádio. É muito bla-blá-blá, muita propaganda e nada de prático. Com o Fundo, o Corinthians não é mais dono de seu estádio. E ainda vai ajudar os outros a ganharem dinheiro em cima de nós. É uma temeridade entregar a responsabilidade de um estádio a uma pessoa como o diretor de marketing, marcado por ter problemas em todas as empresas que assessorou.
Meu amigo, o Corinthians tem uma dívida de 180 milhões de reais! Os números são do presidente, divulgados numa entrevista coletiva dele, há 10 dias. E não estão computados aí, os impostos atrasados. Não se pagou um centavo de imposto na atual gestão. Por isso, eles tiveram que entregar o estádio, antes de ele começar. O Corinthians não será mais dono do estádio. O que é lamentável, frustrante, decepcionante.
Primeiro, não sou quem diz, é a lei. Muito bem. Então, faça uma conta simples comigo. Digamos que os investidores coloquem 450 milhões no Fundo. Menos que isso não será. Poderá é ser mais. Certamente, os quotistas vão querer receber, no mínimo, 13, 14% ao ano sobre o capital investido. Faz parte do Estatuto dos Fundos. Por isso, é que vieram para o Fundo. Para receber 10% ao ano, eles ficam em aplicações de menor risco. Isso dá mais de 60 milhões/ano. O estádio levará três anos para ser construído. A remuneração acumulada e não recebida dos investidores será, então, em 2014, de mais de 180 milhões de reais. Claro, que os investidores vão querer começar a receber quando o estádio estiver inaugurado. E como Corinthians vai pagar 180 milhões mais o principal, 450 milhões de reais, pelo menos 730 milhões, mais uma correçãozinha, tudo de uma vez? Se não pagar, continuará pagando a remuneração dos quotistas ano a ano. E só. É como se pagássemos aluguel de nossa casa própria.
Foi bom você tocar no assunto. A Copa do Mundo não dá nada ao Corinthians, financeiramente. Dá prestígio, é claro. Você sabia que teremos que tirar qualquer menção ao naming rights durante a Copa? Que não haverá cadeiras cativas? Que quem tiver camarote terá que pagar ingresso igual? Que os produtos vendidos serão os que a FIFA determinar? Tudo isso vai postergar a compra destes direitos. Agora, imagine um estádio depois da Copa. O Corinthians faturou este ano, em arrecadação cerca de 19 milhões de reais brutos. Temos que tirar algumas despesas daí. Se alugarmos camarotes, se fizermos shows e bailes de formatura no Fielzão, se arrendarmos os bares e restaurantes, naming rights, se formos donos do estacionamento e de lojas que poderemos implantar no complexo, digamos, que tenhamos um lucro líquido de 60 milhões de reais. Sim, porque o estádio também tem despesas - e altas - de manutenção. Não dará nem para pagar a remuneração anual dos investidores. E repare que coloquei a receita de bilheteria nesta conta. Uma receita que se for repassada aos investidores vai nos fazer muita falta no orçamento do futebol que, todos sabem, é muito alta. Gastamos cerca de 10 milhões por mês fixos no departamento. 120 milhões por ano. Sem falar que teremos sempre de contratar um ou outro jogador. A prevcisão orçamentária fala em 150 milhões de reais ao ano de despesas.
Foi péssima, como toda a ação do marketing corintiano, que é muito lero-lero e pouco dinheiro em caixa.Tínhamos que permenecer donos de todas as possíveis receitas do estádio. De que adianta aumentar a arrecadação se você passa a gastar mais do que arrecada. Ou entregar para terceiros, como Rosenberg está fazendo. Outras opções? Tínhamos, sim. Todo o Conselho sabe. Mas Andrés quis impor seu projeto, entregando a condução a Rosenberg. desprezou parceiros fortes, sólidos, que nos dariam estádio sem custo. Deu no que deu. Agora, vamos ganhar as eleições e ter que administrar esta herança madrasta. É o que vamos fazer. Porque o estádio vai sair de qualquer jeito. Isto eu garanto. Só que não do jeito que Rosenberg quer, com o Corinthians sendo explorado.
Fonte: UOL/Esporte.com
Por Joulle